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Fotógrafo, videomaker e um dos idealizadores da Black Media, confira o bate papo com Marcelo Mug

09:03

Foto: Otávio Neto
Se você, independente da idade, acompanha o mundo do skate, com toda certeza já leu alguns dos seus textos e já viu algumas de suas imagens, sejam elas através de vídeos ou de fotografias. 

Apesar de acompanhar seu trabalho dentro do Canal Black Media, só fui descobrir que já o conhecia, ano passado, quando folheei algumas revistas antigas, no qual era leitor assíduo, no começo dos anos 2000.

Hoje, o bate papo é com o videomaker, fotógrafo e um dos idealizadores da Black Media, Marcelo Mug, de 36 anos, muitos deles eternizando a história do skateboard brasileiro e, que agora, conta um pouco da sua trajetória dentro do esporte e suas perspectivas para o futuro.

Marcelo Mug lançou essa semana seu site de trabalho, vale a pena conferir seu portfólio e quem sabe comprar uma de suas imagens para decorar sua casa. 

EQM: Qual a sua formação?
MUG:  Academicamente, sou formado em Rádio e TV, pela Cásper Líbero. Minha formação de vida é o skate e a fotografia.

EQM: Quando e como o skate entrou na sua vida?
MUG: O skate entrou na vida através do meu irmão, ele tinha um skate e desde criancinha eu já brincava. Cheguei até a quebrar o braço, com 6 anos de idade. Em 95, eu comprei o meu 1º skate, quando o pessoal do prédio começou a andar.

EQM: Tentou se profissionalizar skatista? 
MUG: Nunca tentei ser skatista profissional, nunca fiz o corre de amador.  Sabia que não tinha talento para isso, e eu nunca gostei de colocar o meu skate em comparação e julgamento. Até participei de campeonato de downhill slide quando era bem moleque, e foi uma experiência horrível e uma sensação péssima.

EQM: Quando e como percebeu que daria para viver do skate? Aliás, dá para viver de skate?
MUG: Eu sempre soube que, a partir do momento que eu escolhesse trabalhar com skate, eu seria feliz e teria uma realização pessoal muito grande, mas abriria mão de retorno financeiro. Nunca tive essa ilusão. Por isso, a maioria das pessoas que trabalham com skate, principalmente na área de áudio visual, como fotografia e vídeo, acaba explorando outras áreas, para garantir uma grana a mais e para ter outras referências. 

Foto: Ivan Shupikov

EQM: Como o áudio visual entrou na sua vida?
MUG: Áudio visual vem muito da minha casa. Meu pai sempre gostou muito de ler revista e jornal. Nesta onda, meu irmão sempre consumiu revistas e vídeos de surf. A gente também gravava muita coisa da TV.  Cresci vendo isso e imitei tudo quando comecei andar de skate. 

EQM: Você escreveu e fez imagens para as grandes revistas de skate, no Brasil. Como era esse trabalho junto a Tribo e o que ela representa na sua carreira?
MUG: Trabalhar na Revista Tribo foi um período muito importante na vida pessoal e profissional, foi ali que eu me consolidei como fotógrafo profissional, foi ali que meu nome ficou conhecido e foi ali que eu tive oportunidade de trabalhar com um monte de skatistas que eu admiro e que viraram meus amigos. Foram muitas vivências e oportunidades legais.

EQM: Como surgiu a ideia da Black Media?
MUG: A BM surgiu quando ainda trabalhava na revista. Percebemos que havia necessidade de uma mídia digital nova, com uma linguagem diferente e sem rabo preso. Ai a gente criou a BM.

EQM: Escrever, filmar ou fotografar, qual faz mais a sua cabeça?
MUG: Eu gosto de escrever, gosto de filmar e gosto de editar. Mas a fotografia é onde eu me sinto mais confortável, me sinto mais seguro, relaxado, conectado comigo mesmo e com o sentimento que eu quero passar.

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EQM: Qual entrevista/filme ou foto é a mais especial e quem você gostaria de entrevistar ?
MUG: A entrevista mais foda foi com Jeff Grosso. Ele era um cara que sabia se expressar muito bem. Ele tinha uma visão e posição de skate que eu compartilho de muitas ideias. Foi uma entrevista longa, ficamos conversando por mais de 2 horas. Foi uma aula de skate! A foto mais especial foi o crail air do Guilherme Kamoto, foi minha primeira capa em uma grande revista de skate. Além disso, o Gui é meu amigo, ele não tinha nenhum patrocínio e, na época, existia uma corrida comercial gigantescas nas revistas. Eu gosto muito da foto foi um dia especial.   

EQM: Você já fez imagens de quase todos os skatistas do Brasil, qual a sensação ao vê-las sendo publicadas pelo mundo, seja em revistas ou nas redes sociais?
MUG: É muito foda você ter sua foto impressa, publicada em um site legal, no insta de alguém que você gosta ou da marca que você se identifica. Mas, o mais legal e o que tem rolado muito, nos últimos tempos, é a oportunidade de trocar ideia com novos fotógrafos, que comentam minhas fotos antigas, de 2008, 2009, e falam que a foto os marcou de alguma forma. Isso é a parada mais legal, quando existe o toque humano, o reconhecimento de pessoas que eu me identifico. É legal saber que sou influência para pessoas que estão vindo com o gás todo.

EQM: Como é feita uma conexão perfeita entre skatista e fotógrafo / videomaker?
MUG: O grande lance é sempre conversar, ter o jogo visual de só olhar e perceber o que o outro quer dizer. Importante o skatista falar que manobra ele pretende e o vídeomaker/fotógrafo falar qual ângulo ele quer pegar, onde vai colocar tripé com flash, se vai atrapalhar ou não. Ter um diálogo coletivo para estabelecer um plano. Já tem muita coisa acontecendo na rua, fora a situação da manobra. É bom deixar isso muito bem alinhado. 

EQM: Além da BM, as empresas de skate, ou não, te chamam para freelas, campanhas e cobertura de eventos?  
MUG: Eu faço muito freela para empresas de dentro e fora do skate. Sempre gostei de explorar outras áreas da fotografia, pois isso me traz muitas referências técnicas e agilidade de pensamentos, para resolver situações que depois eu acabo usando no skate. É bacana se relacionar com outras pessoas, é legal sair um pouco da bolha do skate. Eu faço muita cobertura de eventos, muito still, editorial para marca e campanha para mídias sociais 

EQM: Apesar das olimpíadas, você acha que o skate está sendo falado e mostrado para a grande massa?
MUG: É um fato, o skate nunca foi tão grande, tão aceito e tão popular como ele é hoje. As pessoas sabem o que é o skate, entendem mais o que é a prática do skate, mas a cultura do skate não é muito disseminada para a massa. A informação do esporte chega, mas a compreensão do lifestyle, de como a gente enxerga o mundo, ainda não chega para a grande massa e quando chega, chega distorcida.


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EQM: Como você vê o mercado de skate para não skatistas profissionais?
MUG:  Esse é o melhor momento para você ser um skatista não profissional. Hoje temos acesso aos equipamentos, informações e picos para andar. O skate cresceu e a indústria brasileira cresceu, então tem muita coisa legal rolando.  

É um mercado acessível. É importante ter em mente que skate é um mundo particular. Por isso, é preciso aliar os conhecimentos específicos da sua área e ter um bom conhecimento de skate, em vários aspectos. Se você quer ser da área do marketing de uma marca de skate, fique monstro nessa área e conheça o skate, saiba sobre o mercado, quem são os skatistas, manobras, como funciona vídeo, foto, team manager, cota e salário, tente se informar de tudo.

EQM: Quais caminhos os mais novos, que querem trabalhar com skate, devem seguir e qual recado você deixaria para eles?
MUG: Todo mundo que gosta de andar de skate, já pensou em trabalhar com isso, seja andando ou na indústria e, realmente é um puta privilegio e um prazer trabalhar com skate, mas ao mesmo tempo, é uma tarefa ingrata. O mercado ainda é um pouco amador, em vários aspectos. As pessoas especializadas ainda são mal remuneradas, em comparação ao mundo fora da bolha do skate. Mas a dica que eu dou é: se você quer ser fotógrafo, passe a maior parte do tempo fotografando, se você quer ser skatista, passe a maior parte do tempo andando de skate,  se dedique ao que você vai fazer, entre de cabeça, pois tudo é pratica e aprendizado. Então, quanto mais você focar no objetivo e se jogar, investir tempo e dinheiro, mais chance você tem de conseguir o seu espaço no mercado. 




EQM: Como foi participar do YOUNG SKATE SESSION?
MUG: O Daniel Tupinambá, que é o diretor da série, é um amigo da época da faculdade, fizemos um TCC juntos sobre skate e não o via há muito tempo. Aí, ele me convidou para fazer uma cena e depois acabou me convencendo a ser um dos personagens da série. Foi um dia muito bacana, fiquei muito feliz pela forma que ele retratou o meu dia. Achei que visualmente ficou muito bonito, tem um clima de cinema, a fotografia está foda e fique felizão com o resultado. Ver meu filho na tela  também foi demais. Só agradeço ao Daniel e o pessoal da Young Republic pelo convite

Rapidinhas

Um skatista: Qualquer um que se diverte em cima do skate
Um livro: Livro de 25 da  Thrasher- Skate and DestroyUm Fotógrafo: Shin Shikuma
Uma frase: "Irmão, você não percebeu que você é o único representante do seu sonho na face da terra, se isso não fizer você correr, chapa, eu não sei o que vai", Emicida.

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