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Forró, Lp's & Nossas Capas

17:09

Dj's e pesquisador, além de profissionais das artes, falam sobre suas capas preferidas 

Assim como a capa de um livro, a capa de um LP pode ser a porta de entrada e fator determinante para que alguém consuma o produto principal. Apesar do ditado, que diz para não se julgar o livro pela capa, impossível deixar de observar a capa de um LP ao fazer uma análise completa da obra. 

E no forró isso não é diferente!

Segundo o multi-instrumentista e cantor, Tiziu do Araripe, na época dos Lp’s, os artistas não opinavam na produção das capas. 

"Quem escolhia as capas e o repertório era o produtor, que era funcionário da gravadora. A gente não opinava em nada. Aliás, produtores e diretores artísticos escolhiam as fotos da capa e a música de trabalho. Como o produtor era responsável pelo repertório escolhido, se alguma música não fizesse sucesso, o responsável era ele", explicou. 

Mas a regra fugia quando o artista também era o produtor. 

"O único cara que escolhia repertório e arte de capa, era Lindu o cantor do Trio Nordestino, pois ele era o produtor da Copacabana e da gravadora Som", completou Tiziu, que também já participou desse processo. 

"Eu opino nos meus discos, pois sou eu que  os produzo. Além disso, eu produzi também o disco “A volta do Trio Juazeiro”, de 1993.  Eu escolhi o repertório e as opções nas fotos da capa e na contra capa", finalizou. 

É, a capa é realmente importante, tanto que existem estudos acadêmicos que fazem análises profundas delas. Mas as capas também podem ser marcantes por diversos outros motivos, sejam eles emocionais ou técnicos. 

Por isso, convidamos alguns DJs, pesquisadores, fotógrafos, designers e ilustradores, todos forrozeiros, para nos contar um pouco sobre suas capas preferidas. 

Sejam bem-vindos às nossas capas

Tiziu, que tocou com todos os grandes mestres do forró, também foi desafiado a dizer qual capa, entre seus trabalhos, ele mais gostava e a resposta foi rápida e direta, o cd "Tiziu Canta Trio Nordestino", gravado em 2011.








DJ’s

Um dos grandes responsáveis pela popularização dos lp’s, dentro do circuito do forró pé de serra, os DJ’s têm um relacionamento íntimo com as capas. Confira as escolhas dos DJ’s:



Dj Paulinho (São Paulo – SP)

- Alventino Cavalcante – Não bata no meu Louro (1961): Essa é uma das minhas capas preferidas, não só por conta da fotografia, mas também pelo conteúdo, sonho de qualquer amante da música nordestina, um excelente Lp.
              









- Osvaldo Oliveira e Jacinto Silva- É caco para Todo Lado (1969) : Essa capa pra mim é sensacional porque ela retrata exatamente o título do disco, “uma briga no bar, observe Jacinto Silva se defendendo como se fosse na roda capoeira “ Osvaldo Oliveira pra mim é o melhor artista da época por ser um excelente compositor e um excepcional intérprete, Jacinto Silva, um artista bom de rima, uma referência quando o assunto é coco, Jacinto está na minha lista top 5 de artistas que mais gosto de ouvir .


- Jackson do Pandeiro e Almira- Tem Jacabulê (1964) : A capa mais elegante que tenho no meu acervo, trajes impecáveis. Jackson foi o artista que mais exaltou sua parceira, isso me admira muito, inclusive Almira “estrelou” mais de dez capas dos lps dele, a grande curiosidade é que mesmo compondo inúmeras  músicas, ela canta apenas em uma deles, que não é esse, é um disco muito difícil de encontrar, álbum de 1964.





Fabrício Fabrim (Vitória -ES)

- O Forró de Dominguinhos (19):   Adoro essa capa pois me lembra os antigos pôsteres de filmes.
Geralmente os pôsteres de filmes eram ilustrados, isso me traz uma lembrança maravilhosa da infância, além desse disco ser muito bom, uma obra de arte.
              


– Jackson do Pandeiro e Almira- Forró do Zé Lagoa  (1963) : Adoro essa capa, dá para sentir e imaginar como eram os bailes de forró na época. Fico imaginando a pegada da dança desses forrozeiros.




PESQUISADORES 

Alexandre Mori- (Campinas – SP)

-Dominguinhos – Após tá certo (1979): a capa é simples, como seu Domingos. E é aí que está a sua beleza. Somente a foto do artista, em um fundo vermelho nos remete a sanfona, instrumento de sua arte e seu sorriso cativante, outra marca registrada.
      




- Trio Dona Zefa- Beleza de Baile (2011): Esse Lp tem característica únicas, que deixam ele lindo. Desde os anos 1990 um artista de forró não gravada um bolachão. O disco foi pintado à mão, usando uma técnica de pintura em cima da foto. O artista que fez a arte é sucessor do artista que pintou a capa do disco de forró dos Os Trapalhões, nos anos 1970.





- Os 3 do Nordeste – No Coração do Povo (1984):  o nome do disco nos remete ao que o trio estava vivendo na época. Literalmente estavam no coração do povo, tinham conquistado o Brasil. Os 3 do Nordeste sempre teve um figurino chamativo, então a capa do disco não precisava ter um fundo cheio de firulas. Destaque para o sorriso dos 3 artistas, e ao centro o maior cantor de forró, de todos os tempos, na minha opinião, Mestre Zinho.


Cacai Nunes ( Brasília)

Luiz Gonzaga – Canaã 1968 (RCA Victor): Para mim, o olhar mais lindo em uma capa de disco. O momento que o sertanejo está em seu ambiente, ao lado dos espinhos dos mandacarus, com cheiro de bode e poesia brotando, enraizada no ponteio da viola e batida do zabumba.





Marinês e sua gente – 1960 (RCA Victor): É a força da mulher, guerreira, vibrante e talentosa à frente do seu tempo.
Além do repertório ser fenomenal, esta capa mostra Marinês com roupa de cangaceira ao lado de sua gente. 





Domingo Menino Dominguinhos – 1978 (Philips): Este deve ter sido o disco que eu mais devorei, ouvi e apreciei nessa história de forrozeiro/DJ. Ele é transformador, inovador! Quantas músicas fantásticas! 
E sobre a capa, mostra um jovem sanfoneiro em sua plenitude, capturando sentimentos para colocá-los à nossa disposição. Imagino que a foto tenha sido feita no estúdio e capturou a inspiração deste grande mestre que tanto amamos.












FOTÓGRAFO

- Ricardo Galvão (São Paulo- SP)

Luiz Gonzaga - O canto jovem de Luiz Gonzaga (1971): O fato importante de lembrar da dificuldade e o alto custo da fotografia. O resultado só podia ser observado no final do processo de dependia de vários profissionais (iluminador fotografo e o revelador)
Na capa do disco vemos um perfeito equilíbrio, tanto na parte técnica, com a luz não vemos pontos escuros com muita incidência de luz. Geralmente, aqueles pontos de brilho na pele. 
O enquadramento diferente para época normalmente era utilizado close ou corpo inteiro e geralmente com a arquitetura de fundo sempre bem alinhada.






Genival Lacerda - O homem que tinha 3 Pontinhos (1977):  Vemos uma capa de 3 foto, onde foram feitas algumas manipulações, que na época eram feitas através de acetatos (folhas transparentes), o princípio do Photoshop atual com uma pequena diferença não podia acontecer erros.






Edson Duarte - cheguei para ficar (1978):  Uma capa com uma luz impecável fazendo um recorte do artista, deixando ele em destaque separando o primeiro plano do plano de fundo, e gerando uma pequena sombra no rosto do artista dando um ar mais poético.












Designer

Igor Castanho ( Moxo) Milão- Itália

Dominguinhos – É Tradição ( 19): Essa capa é muito interessante, pois mostra uma preocupação com o design. Você tem fotografia de estúdio bem tiradas, um tratamento dessas fotografias para elas conversarem entre si. Tem lettering interessante e uma diagramação muito bem trabalhada. Você tem a estrela principal no centro da capa com o título do álbum e o nome de alguns participantes. Gostei bastante da composição com elementos característicos do forró. Com a sanfona o traje. Sem esquecer o uso da Luz.






Jackson do Pandeiro – Isso que é Forró (19): É uma capa mais antiga e a sacada de colocar o Jackson dentro de um pandeiro, com um lettering de festa junina cm umas bandeirinhas. Ficou uma capa bem original. Eles usaram as formas para compor a cena. 






Trio Mossoró- Praça dos Seresteiros (19): Capa muito bem trabalhada por ter várias localidades, que mostra onde eles devem ter tocado e trabalhadores do campo. Gostei bastante do mosaico do fotos e esse lance de colocar o rosto dos integrantes dentro do nome do trio.













ILUSTRADOR

Dodô- Belo Horizonte

Banda pau e Corda (1981): E gosto muito por conta dos elementos da cultura regional. É uma capa muito peculiar e é uma capa muito simples. É uma foto com um fundo neutro, que destacou as cores e os bonecos de barro. Eu gosto muito desta capa por esse motivo.









Trio Nordestino- Corte o Bolo (1980) :  me lembra muito a minha infância na década de 70 e são familiares dos 3 e isso que é legal. As mulheres lembram minhas tias. As bandeirinhas que colocavam nas festas de aniversário. Eu amo essa capa, mesmo as cores dos escritos não combinarem e mal dar para ler o nome do trio. Eu trocaria essas cores das escritas, mas a capa e contra capa são boas, um dos meus favoritos. 














Minha Capa

Encerro essa exposição de capas maravilhosa com uma das capas que eu mais gosto, do LP, que leva o nome do artista, João do Vale. Além de músicas que eu adoro, a capa trás João do Vale ao centro da foto, que tem um contraste muito bonito com o azul do céu e o marrom da terra, que parece dar textura na fotografia. 

O Sol a pino, faz brilhar a pele negra do artista. Sol  a pino, terra batida  e a luta de um povo guerreiro.  A nuvem, acima da cabeça dele, parece que o envolve. A capa é praticamente um poster, o nome dele aparece bem discreto, em branco, confundindo com as nuvens.




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