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Bate com Danilo Ricci, do Canal Cadê o Forró

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Ele já dançou com outro homem, já dançou com o espelho e até colocou um salto alto para saber qual a sensação de dançar nas alturas. Ele já postou vídeo no pé de serra, já dançou roots, forró eletrônico e pé descalço.

Sempre com um sorriso no rosto, ele mostra, através de seus vídeos, que o forró é um local para se encontrar, se divertir e ser feliz.

Um verdadeiro embaixador do forró, a porta de entrada de muitos para conhecer o ritmo criado por Luiz Gonzaga.

O papo da semana é com Danilo Ricci, de 28 anos, criador do canal Cadê o Forró, que atualmente conta com 40 mil inscritos no Youtube, 45 mil seguidores no Instagram e 137 mil no Facebook. O canal entrou no ar em 2016.

EQM: Como o forró surgiu na sua vida?
Danilo: O forró surgir na minha vida há 10 anos, quando estava em Maceió, com minha mãe e minha irmã. Eu as vi dançando alegre e muito felizes. Eu até tentei dançar, mas não ficou legal. Todo mundo arrepiando e eu sem saber uma base, eu fiquei muito frustrado. Voltei para São Paulo e me matriculei em uma aula de forró. Fiz um intensivão de quatro aulas e caí para a balada de forró, o Canto da Ema. Foi amor a primeira dança. Depois, nunca mais eu parei.

EQM: Seu canal está no ar desde 2016, antes do boom dos perfis do Instagram. Até existiam canais pessoais onde as pessoas postavam seus vídeos dançando. Mas não existia nada como o seu canal. Como nasceu a ideia dele?
Danilo: A maior inspiração do canal foi um cara chamado Carlinhos Araújo. Ele tinha um canal de dança, onde ele ensinava forró e samba e, eu pensei: "Por que não fazer vídeos com os passos de forró que eu conheço?" Daí, do Youtube passei para o Facebook e depois Instagram. Hoje, estou nas 3 plataformas. 

EQM: Por quais transformações ele já passou?
Danilo:  O canal, a princípio, nasceu porque eu queria que as pessoas aprendessem a dançar forró e sentissem a alegria que eu senti no meu coração. Esse foi o maior princípio do canal.  Ter contato com a dança que mudou a minha vida e que pode mudar a vida de qualquer pessoa. Depois, ele foi se transformando em um espaço para eu manifestar minha opinião. O Canal também virou uma chave, que foi de lutar pelas igualdades, minorias e pela dança sem gêneros. 
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EQM: Desde o início, a ideia era dar espaço para todo tipo de forró, assim como você faz hoje?
Danilo: Ele começou voltado para o forró pé de serra, Roots, pé descalço, que era o forró que eu conhecia. Pouco tempo depois, quando eu comecei a trabalhar com dança, expandi mais a minha mente e abri para outros tipos de forró, dos vários que existem.

EQM: Existem algumas picuinhas entre os tipos de forró, você se sente um pacificador quando você dá destaque do roots ao eletrônico?
Danilo: No forró existem muitos estilos e tipos diferentes, em forma de música e dança. Temos o tradicional e o eletrônico. Estudiosos dizem que existem mais de 20 tipos de forró. Eu acho que tem muita gente que gosta de um estilo, mas eu sempre faço o convite para a pessoa abrir a mente para outras possibilidades. Eu tinha essa mente fechada e quando me levaram para o eletrônico, eu acabei gostando. Por isso que me canal é variado. Acho que só falta o contato para a pessoa começar a gostar. Temos que experimentar! 

EQM: Como foi a transição para o Insta, uma vez que ele estava no Youtube?
Danilo: Youtube sempre foi meu foco, até o começo deste ano. Mas o mais forte é o Facebook. É muito loco como as coisas acontecem, hoje, eu vejo a importância do Instagram e aí comecei a trabalhar nele. No começo do ano tinham 20 mil seguidores e agora tem 40 mil, isso porque  eu coloquei mais energia lá e ai aconteceu essa virada de chave, de postar não somente aula de dança,  mas, principalmente, mostrar o lifestyle, que é outra coisa que o povo gosta de ver.

EQM: Seu canal tem mais seguidores do que grandes bandas de forró. Você esperava por isso? Ao que você atribui esse sucesso?
Danilo: Isso é o reflexo de um trabalho, é a forma que a gente mensura ele. Tudo isso aconteceu, muitas vezes, pelas viralizações de alguns vídeos.  Se contar tudo, já foram mais de 100 milhões de visualizações e isso é muita coisa, metade do Brasil, praticamente, e tudo por conta dos vídeos criativos, que eu criei, como por exemplo dançando com outro rapaz, vídeo no espelho, etc. Isso foi dando um boom, mas ainda é pouco. Para o forró pé de serra é um canal relativamente grande, mas queremos muito extrapolar a bolha, o circuito, queremos que o povo de fora veja o forró. Hoje, minha missão é ir lá fora e falar para o pessoal que tem uma coisa chamada forró e aqui eles podem encontrar muita alegria.

EQM: Qual seu papel na disseminação do forró para o público não forrozeiro. Sente um peso da responsabilidade disso?
Danilo: Eu sinto responsabilidade, pois a partir do momento que a gente está falando algo na internet, a gente precisa se sentir responsável por aquela mensagem. Então, eu olho o pessoal do forró e tento levar essa parte de trabalho, criatividade e motivacional. Eu digo "Vamos pessoal, vamos criar conteúdo, vamos para cima, vamos mostrar que nosso forró é foda. Postem vídeo o máximo que puder, pois isso, vai chegar em pessoas que estão precisando" É assim que muitas pessoas entram no forró, através dos vídeos. Sinto muita alegria quando os meus seguidores falam que foi através do meu vídeo que ficaram mais feliz, que curaram da depressão, etc. Eu comecei a dançar e hoje sou mais alegre.  

Com o pessoal que está fora, eu sinto que estou abrindo uma porta  para as pessoas conhecerem que o forro pode ser jovem, democrático, menos machista e que ele pode abrir um mundo de possibilidades, é isso que eu quero mostrar.
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EQM: Como você separa o Danilo, do Cadê o Forró?
Danilo: Hoje eu criei um Instagram para separar, pois eu estava falando muito da minha vida pessoal, que são coisas que eu gosto de falar, como amor, religião, trabalho, empreendedorismo, esporte e lazer, mas o Cadê o forró é mais sobre dança. Eu tenho assunto para falar nos dois perfis e tenho muito conteúdo gravado.

EQM: Você já publicou vídeo dançando com outro homem, como é esse trabalho de desconstrução de preconceito que o seu canal faz?
Danilo: Os preconceitos que a gente sofreu, sofre e vai sofrer é muito comum, eu sempre soube que para a a gente desconstruir algumas coisas, ou mostrar o que a gente acredita, teremos opiniões divergentes de todos os lados. É normal do comportamento humano, aceito e sempre respondo de igual para igual, quando vejo que há possibilidade de diálogo. Temos que mostrar e esclarecer. No geral, construímos algo para ficar e para mexer, para fazer as pessoas refletirem. A lição é sempre continuar e sempre tomar cuidado com o que posta, pois, as coisas podem atingir as pessoas.

EQM: Deixa um recado para forrozeiros e não forrozeiros.
Danilo: Queria dizer a todos que eu tenho uma alegria imensa em poder falar de um ritmo que transformou minha vida. Existem outros ritmos maravilhosos, mas esse aqui, ele pode transformar muitas pessoas e alcançar muitos lugares, por ser simples democrático e, eu acredito que ele transmite alegria, então não se esqueçam deste bem precioso que nos foi deixado, cuidemos desse bem, vamos trabalhar e evoluir ele para que ele chegue em outras pessoas.

Os forrozeiros sabem da responsabilidade que tem, que é levantar essa bandeira deixada por Luiz Gonzaga, e a gente carrega com a cabeça erguida. Levantar essa bandeira é algo precioso e temos que ter orgulho para  que as pessoas que não conhecem sejam bem vindas, bem recebidos. E, no que depender de mim facilitarei ao máximo essa estadia. 

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