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Bate papo com Estéfano Bespalec Junior - Nata, Produção & Forró

11:31

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Depois de 10 anos de festa, o Nata Forrozeira corria sérios riscos de sofrer um grande baque. Além das diversas reclamações por parte do público, um outro evento, na mesma data, ameaçava a festa que, tradicionalmente, acontecia na Grande São Paulo. 

Mas, o que se viu foi uma grande reviravolta. Além dos problemas que aconteceram no evento concorrente, os que optaram pelo Nata tiveram uma agradável surpresa, uma festa linda, que, além de trazer a credibilidade, deu esperanças para os forrozeiros cansados de passar perrengues. 

Mas as melhorias não aconteceram por um milagre divino, ou por alguma questão de sorte. Por trás do sucesso, estava o trabalho de um profissional que lida com eventos há pelo menos 18 anos.

Nosso bate papo de hoje, você vai conhecer um pouco mais mais das ideias de Estéfano Bespalec Junior, proprietário da Multiprodutora e que hoje detém os direitos do Nata.

Na entrevista, ele conta um pouco do processo de transição da antiga para a nova gestão e o que as pessoas podem esperar para o futuro. 

EQM: Quanto tempo você trabalha com produção? Quanto tempo com forró?
Estéfano: Trabalho com produção de eventos há 18 anos e comecei produzindo eventos de forró. Na época, eu tinha um site de fotos de baladas e fazia a cobertura de uma domingueira de forró que acontecia em Campinas. Com o fim desse forró, o vocalista da banda que tocava todo domingo me convidou para iniciar um novo projeto para atender essa demanda que era mínima, mas existia. Nasceu então o "Forró das 6". Desde então, a domingueira é realizada em Campinas, há 18 anos, sem nenhuma interrupção. Já tive programa em rádio Fm com o nome Forró das 6, por 2 anos, passei por algumas casas noturnas com o projeto, até transformar em realidade um espaço próprio em 2014, o Brasuca Espaço Cultural. Atualmente, o Brasuca faz parte de um grupo de 4 empresas, sendo 2 casas de shows. Já são 18 anos trabalhando com gestão em entretenimento.

Nata sob nova direção:

EQM: Como foi esse processo de chamar a responsabilidade do Nata para sua empresa? Foi te oferecido, ou você ofereceu?
Estéfano: Foi um processo natural. Inicialmente, eu fui procurado para prestar uma assessoria para uma amiga, que ajudaria o antigo produtor do evento. No decorrer da conversa, ficou nítido que seria necessário muito mais envolvimento por parte da produção, para o evento caminhar bem, conseguir reconstruir a marca e reconquistar a confiança do público, por conta dos problemas da edição passada (2018). Foi então que o antigo produtor demonstrou interesse em negociar a marca e iniciamos o processo de estudo de viabilidade para assumir o evento, e concretizamos o negócio, 2 meses após o início das negociações.

Nata, edição 2019.

EQM: Quando você aceitou, sabia do tamanho do desafio? Em algum momento te deu medo? Ainda mais com um outro evento marcado para o mesmo dia?
Estéfano: Sabia que o desafio seria enorme, sem dúvida. Sinceramente não tinha noção exata. Talvez, isso tenha até colaborado em todo o processo de decisão. Medo não. O empreendedor normalmente carrega sempre uma dose extra de coragem. Eu, particularmente, sempre gostei muito de desafios. E, apesar de um cenário bem complicado, eu sabia que era possível. Se eu não acreditasse, não entraria.

EQM: Você comprou o uso ou só tem direito do nome durante um tempo?
Estéfano: Comprei a marca e todos os direitos para exploração comercial de todas as formas, definitivamente.

EQM: Você tem experiência em diversos ramos dos eventos, onde normalmente estão os erros?
Estéfano: Produzir um festival não é nada fácil e depende de uma estrutura de trabalho consistente em todos os sentidos. Planejamento, descentralização de tarefas, equipe qualificada, planejamento financeiro e fluxo de caixa eu diria que são os principais pontos que aumentam a chance de sucesso de um festival.

EQM: Um evento de 10 anos, porque, mesmo depois de tanto tempo, os produtores cometem os mesmos erros?
Estéfano:Difícil dizer. Eu sempre busquei me preparar e fazer o meu trabalho da melhor forma possível, pensando no longo prazo. Eu sempre me cobrei muito pelo meu resultado e, por isso, não sobra muito tempo pra olhar a "grama do vizinho" (rs).

Talvez a falta de preparo ou estrutura. Eu comecei frequentando o forró e me especializei em eventos. Hoje, eu sou um empresário do segmento e tenho uma equipe qualificada de produtores que atua comigo. Eu percebo que alguns produtores de forró "estão" produtores e não "são" produtores. Não que isso seja errado, muitos fazem o possível dentro das condições atuais, mas é nítida a diferença de entrega/resultado para o público e para o evento.

Acho que a busca de qualificação e profissionalismo é essencial e eleva o nível dos eventos, e, consequentemente, atrai um público maior. Hoje, os festivais ainda são vistos como eventos muito segmentados, apenas para forrozeiros, e isso é muito limitador. Precisamos atrair público novo e isso está diretamente ligado a qualidade de entrega dos eventos, festivais e casas de forró.

EQM: Qual o nível de complexidade em realizar um evento do porte do Nata?
Estéfano:Enorme. É um evento extremamente complexo, muito diferente de um evento comum, de 1 noite. Primeiro porque o público "mora" no evento por alguns dias, então o nível de atenção é muito maior em todos os setores (segurança, higiene, limpeza, hospedagem, alimentos e bebidas, etc), de forma ininterrupta. Inclusive nesta edição, boa parte da estrutura será montada do zero. A Vila do Nata, por exemplo, está sendo construída, literalmente, com containers e preparação o terreno com toda estrutura elétrica e hidráulica. Exclusivo pro Nata. Terminou, desmonta tudo.

Para o público, tudo tem que sair perfeito. Pra nós, é o trabalho de 1 ano inteiro concretizado em 1 final de semana. Isso tudo requer muito planejamento e execução impecável. Falar que tudo acontece perfeitamente, é mentira. Sabemos que imprevistos podem acontecer e a nossa função é estar preparado para resolver, sem que influencie na experiência do público. Em 2019, tivemos alguns imprevistos, mas com agilidade e experiência resolvemos muitos deles, passando despercebidos ao olhar do público. 

Eu costumo dizer que a função do produtor de eventos é resolver problemas. Quanto mais habilidade ele tiver pra isso, mais sucesso vai ter na profissão.

EQM: Você acha que falta uma troca de conhecimento entre os produtores para evolução do forró? falta união entre músicos, produtores, djs, etc?
Estéfano: Eu percebo o cenário do forró em constante evolução nesse sentido. Eu mesmo sou super aberto a troca de ideias em busca de melhorias e conhecimento. O Nata me fez conhecer outros produtores e, até então, tive ótimas experiências de parcerias e colaborações, ou até mesmo, troca de ideias. Acredito que isso tem muito a ver com o quanto você está aberto e disposto, pensando no bem comum.

Independente do segmento, essa troca de ideias e busca do progresso tem que existir com quem tem interesse e objetivo em comum. Se todos focarem energias no mesmo sentido, a chance de dar mais certo é muito maior.

EQM: Este ano, a estrutura do Nata está muito maior, onde você quer chegar com o Nata? Acha possível romper a bolha do forró e trazer para o evento pessoas de fora do circuito?
Estéfano:Nosso objetivo é esse! Em 2019, mesmo com apenas 3 meses para realizar o evento nós conseguimos um ótimo trabalho, reconquistando a confiança do público e a credibilidade da marca. Nosso objetivo inicial foi cumprido com sucesso. Mas ainda temos muito a conquistar.

O próximo objetivo é posicionar o Nata Forrozeira como um grande festival alternativo, mostrando o forró para diversos públicos. Isso não acontece do dia pra noite, é um trabalho de construção ano a ano. Estamos no caminho e não tenho dúvida que conseguiremos.

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