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Skate: Bate papo com Gilberto Narina

07:52

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Danilo, Gabriel ,Gilberto e Isabele Menezes 
Ele nunca andou de skate, aliás, nunca escondeu isso, mas já fez muito pelo skate nacional. Está à frente de uma das marcas mais respeitadas e atuantes no mercado brasileiro, que no decorrer de sua história, e lá se vão mais de 30 anos, sempre apoiou, não só o esporte, mas também os projetos sociais e skatistas de regiões mais afastadas dos grandes centros. 

O nosso bate papo de hoje é com Gilberto de Andrade, mais conhecido como Gilberto Narina. Na entrevista, ele conta um pouco de como conseguiram sobreviver as crises e a invasão das marcas estrangeiras. Fala também sobre a história da Narina, que está no documentário “Narina- 30 anos- Uma história de superação.

Gilberto também fala sobre o time de skatistas, o apoio aos projetos e os planos de lançamento para o futuro, principalmente para o público Old School.   

  
EQM- De 4 empresas abertas, o Brasil, 1 fecha antes de completar 2 anos de existência no mercado. Como sobreviver por mais de 30 anos?
Gilberto Narina- Tudo isso ocorre pelo fato de criarmos o desejo de abrir um negócio próprio, para não sermos mais empregados. Na empolgação, esquecemos de alguns fundamentos básicos. Um dos itens principais é a carga tributária do Brasil que está hoje em 38%. Para criar uma marca , é necessário analisar o seguimento que vai se atuar,  saber que seu produto é 24 hs direcionado ao marketing (essa é uma das principais ferramentas de uma empresa: criar  o desejo ao consumidor),  conhecer o produto, estudar o mercado, em qual região  vai atuar , estudar a concorrência , o público alvo  em relação ao nosso mercado , apoiar ou patrocinar atletas , apoiar campeonatos , fazer adesivos , faixas para que a marca comece aparecer para o público, ter um pouco de conhecimento de moda e todo tipo de acessórios , criar pagina no face , Instagram, definir o local , abrir o CNPJ, pois hoje a venda para Mercado Livre , tudo com nota fiscal , e o  mais importante: saber fazer o custo das peças e estabelecer o preço mínimo para não ter prejuízo e sim lucros para cobrir todos os custos.  Importante: ter um convenio com a Serasa para consultar se o CNPJ do  cliente tem problemas de protestos, estabelecer regras , cliente com menos de um ano  vender a vista ou no cartão de crédito, após um ano poderá  a faturar via boleto bancário, importante: toda empresa ( individual ou  sociedade)deverá ter uma parceria forte com seus colaboradores , o registro da marca no I.N.P.I.(Instituto Nacional de Propriedade Industrial), para  evitar  repetição  do  nome já registrado no mercado (isso ocorre muito),  não achar que já está tudo ok, e que não terá problemas no mercado, ocorre que hoje o mundo é globalizado e ficar atento a parte econômica , com aumentos repentinos do dólar, queda nas bolsas, o seu seguimento pode ter uma queda nas venda em função da sazonalidade(modinha) e  recessão. Por isso, a importância nos primeiros 6 meses fazer um sacrifício do empresariado, fazendo o mínimo de retirada para capitalizar a empresa e evitar as surpresas do mercado.

EQM- Qual foi o período de ouro e qual o momento mais difícil?
Gilberto Narina- O período de ouro da Narina foi de 1986 a 1989, quando o skate teve um início muito forte no Brasil.  Foi um “bum” no mercado , havia neste momento poucas empresas de skate , criamos vários produtos de desejo  como equipamentos de proteção (de iniciante a profissional-  o Cacio Narina já fazia artesanalmente), lançamos as  rodas TNT e série animal(duas cores), primeira roda fundida no Brasil e já com qualidade (95 shor), e logo em seguida, em confecção como um dos itens principais as calças e bermudas com velcro .  O fator econômico começou a interferir nas empresas em 1989, no governo Sarney- a inflação já estava em 82%, e consumia os custos das empresas a cada hora, um exemplo:  um pedido enviado a empresa pelo cliente gerava prejuízo se não fosse faturado no mesmo dia.  Todas as empresas começaram a ter sérios problemas de fluxo, pois a inflação absorvia os custos internos.  Com a entrada do Collor em 1990, o governo confiscou as poupanças de todos e todas empresas tiveram que começar do zero ou quebraram. Foi um caos. Mas, bola para a frente! Aos poucos fomos nos adaptando e em 1991-92-93-94 e 95, foram anos bons. De 1996 a 2000, veio a recessão novamente, onde tivemos dificuldades e a maioria dos lojistas também. Muitos lojistas quebraram e não nos pagaram, até que tivemos que parar a operação, só retornando só em 2008. 

EQM- Em algum momento pensou em desistir?
Gilberto Narina- Jamais pensei em desistir. Com todos os problemas que surgiram e que são muitos , pois além de ser uma empresa familiar , a falta de dinheiro para o  básico , gerou muitos atritos  internos, tanto que a Narina parou de operar em 2000 e retomei-a em 2008,  Fui trabalhar como representante comercial de uma marca de tênis do Rio Grande do Sul (Freeday), onde me capitalizei e acertei todas as pendencias no mercado com os 3 filhos no comando da Narina.

EQM- Como foi essa adaptação para on line?
Gilberto Narina- Está sendo um desafio. O mercado on line, é um campo totalmente novo, requer investimento, estoque exclusivo, procurar uma agência especializada no ramo e investir no Google. Hoje existem os blogueiros de cada seguimento que patrocinando, eles ajudam muito nas vendas. Estamos implantando já há alguns anos, mas ainda não encontramos a fórmula para alavancar vendas, estamos estudando a cada dia e não vamos desistir, pois será o futuro das marcas.

Junto com o skatista Rodrigo Riccó

EQM- Do que mais você se orgulha desses 30 anos?
Gilberto Narina- Os mais importantes: o grande número de amigos que conquistei nestes 34 anos, indo a eventos e patrocinando atletas; ter feito a etapa profissional de skate do circuito profissional (UBS) União Brasileira de Skate, na cidade Pirassununga-SP; visita as lojas e registrando momentos em fotos com eles.

EQM- A Narina também tem incentivado projetos e dado apoio para skatistas do interior, como o ‘skate cidadão’, esse é dos valores da marca?
Gilberto Narina- Sim. Desde que iniciei a marca, sempre procurei ajudar entidades que fazem um trabalho com skate, já fiz há muito tempo atrás com a ‘Ong Social Skate’ entre outros pelo Brasil. Agora o nosso ex-atleta montou a ‘PJ Skate Cidadão‘ em São Carlos, estou começando ajudar melhor e vamos fortalecer mais com a melhora nas vendas. Temos lá o atleta Victor e o próprio Rodrigo Riccó.  Procuro ajudar as pessoas, auxiliando sempre que necessário e possível (apoio moral, dinheiro ou material), faço parte de um grupo a visita mensal a um asilo e um orfanato em São Bernardo do Campo e tenho colocado aos meus filhos a importância de ajudar o próximo.  Não é só vender, vender...... Não!!!!  Tem que saber distribuir sempre de acordo com as vendas internas. Empresas que não fizerem isso agora, no pôs-pandemia, tenderá a perder o conceito no ramo que atua.

EQM- Hoje vocês estão com quantos atletas no time?
Gilberto Narina- Hoje estamos com 7 atletas. Voltando ao início da marca, o Cacio Narina, sendo skatista, desde o início incentivou a montar uma equipe de iniciantes e mirins que se destacavam nos campeonatos. E aí surgiram: Nilton Urina, Adelmo Jr e Lucio Mosquito, onde os três atletas passaram para profissional na marca nos anos 80 e 90.  Outros atletas  também passaram pela Narina, como: Glauco, Paulo Barata, Flavio Piui, Gabriel Zina , Jailson Santana(Baha), Aron Marcel, Weslei Gelol, Jeff, Chileno, Gian Naccarato , Mancha, Tatiane Marques , Sandro dias, Blaus Born , Vanderlei Arame , Daniel Marques, Pulguinha , Henrique Banana, Dinho, Fred, Panqueka , Kid, Folha, Ulissses Muricy, Browzinho, Biano Bianchini, Cleiton Keu , Homero Moreshi , Marcio Meiado , Rodrigo Ricco , Roberto Hoho, Sandro Rafael.  A Narina desenvolveu um trabalho muito forte no Nordeste  através do nosso amigo de Natal-RN (Ilzeli Confessor) e ele montou a equipe com  Marcelo Agra (Recife), Alysson Ossada (João Pessoa), Gueleo (Salvador), Lucio Mosquito e Adelmo Jr (Aracaju) entre outros, onde em todas as ‘lives’ realizadas lá na narina como super importante na carreira da maioria deles. Hoje a equipe está bem reduzida:   Edu Shimada (SBC-SP) Victor (São Carlos-SP), Jonas Mateus (Guararema-SP), Dino (Três Corações-MG), Elias Batista (Santo André-SP), Gabriel Santos (Porto Alegre), que é team manager da equipe. Além da nova profissional da Narina Isabelle Menezes (Santos –sp), que tem um pro-model de roda para lançar. Talvez tenha me esquecido de alguns nomes, a equipe old school continua (Cid Sakamoto -Locução), Dinho (Santos), Anderson -Dentinho (Aracaju-se), Ilzeli (Natal) e Rodrigo Ricco (São Carlos-SP). 

EQM- Skate nas olimpíadas, como você vê isso, e como as marcas podem aproveitar esse momento?
Gilberto Narina- Acho de suma importância o skate ser considerado como esporte!! É o momento do mercado de skate e as marcas se posicionarem. Por ser um esporte olímpico, os governos são obrigados a construir pistas no formato Parks e SLS para competição em todo território nacional e logo nas escolas também.  Com isso, muitos novos praticantes irão surgir e serão futuros atletas olímpicos.  Hoje, o Brasil já tem mais de 10 milhões de praticantes de skate e com isso aumentará o consumo de acessórios (shape, lixas, parafusos, trucks, rodas, capacetes de proteção, joelheiras, cotoveleiras, confecções para a prática de skate etc. Assim, todos se beneficiarão.

Com Cesar Gyrão

EQM- Como surgiu a ideia do documentário?
Gilberto Narina- Desde que montei a marca, cuidava sempre da parte administrativa e comercial, juntando muitos artigos de marketing, onde lia e aplicava na empresa e guardava-os em pastas. Pensava comigo mesmo: “ainda vou documentar isto em livro”.  Detalhe: este será o próximo projeto - fazer um livro com estes artigos de marketing.
Como passamos várias situações dentro destes 34 anos  realizando muitas conquistas  e lutas pelo skate nacional e  sem  o apoio de uma parte dos lojistas, pensei em fazer um documentário contando toda a trajetória da Narina com a história do skate e presentear amigos e lojistas para que todos soubessem o que superamos ´para estarmos aqui  hoje.  Muitas marcas de skate no Brasil também fizeram história e precisam divulgar tudo isso. Valorizarmos o que é nosso, neste momento, gerando empregos, formando atletas, novos empreendedores e fomentando o mercado brasileiro, faz-nos sentirmos fortes e orgulhosos.              

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EQM- Se você fosse definir o papel da narina dentro do skate nacional, como definiria?
Gilberto Narina- Uma marca 100% nacional, que tem uma preocupação com o mercado em fazer produtos de qualidade, patrocinar atletas, patrocinar e apoiar campeonatos, se preocupar com o social na medida do possível, fortalecer as associações de skate e as ongs.

EQM- Fala um pouco dos lançamentos dos produtos Old School
Gilberto Narina- - Estamos relançando as rodas série Animal e TNT, nas cores como no passado e usando os mesmos desenhos, lançamento oficial foi dia 29 de julho. Na próxima semana os shapes old school e em breve também os pro-model old school dos atletas, como uma homenagem sem objetivo inicial de vendas, porém se for bem aceito, com certeza daremos continuidade.

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