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Uma viagem ao olho do furacão

09:04


Durante essa pandemia, você aceitaria ir para a China?

Normalmente, uma viagem para China não é algo comum. Imagine um bate e volta para o País mais populoso do mundo, durante essa pandemia e sabendo que toda essa doidera de coronavírus começou por lá. 

Pois foi esse mesmo medo que tomou conta de Guilherme Campos, coordenador de cargas da Latam, ao saber que sua próxima missão seria rumo à Xiamen, poucas horas de voo até Wuhan, epicentro original do vírus.

Mas, seu instinto de ajuda falou mais alto, e logo, o medo se transformou em ansiedade e orgulho de fazer parte da equipe do 4° voo fretado pelo Ministério da Infraestrutura, para buscar uma carga de 6,5 milhões de máscaras cirúrgicas de 3 camadas, destinadas ao combate à Convid-19, em todo Brasil.

“Quando eu recebi o convite foi um mix de sensações, um pouco de preocupação, pois minha mãe hoje está no grupo de risco e, talvez, tivesse que ficar longe dela pós-viagem. Mas, por um outro lado, tomou conta de mim a sensação de estar fazendo algo bem maior do que nós, por pessoas que não vou nem chegar a conhecer. E esse mix de sentimentos acabou de motivando ainda mais”, explicou.

O primeiro desafio desta viagem, de apenas 4 dias (ida e volta) e permanecendo apenas 4 horas em solo chinês, foi a distância. Foram 18 mil quilômetros, em cerca de 50 horas de voo e passando por três fusos diferentes.

Solo chinês



Ao pisar no solo da segunda maior economia do mundo, ao mesmo tempo que havia uma preocupação grande em otimizar as horas disponíveis para carregar a maior quantidade de Equipamento de Proteção Individual (EPI), Campos também aproveitou cada segundo daquele momento único, para observar.


“Eu procurei aproveitar cada passo, cada palavra, cada troca de informação e cada visual de como as coisas estavam funcionando do outro lado do mundo. Consegui aproveitar todas as sensações que o momento me proporcionou”, completou.

Ainda segundo Campos, a sensação de dever cumprido só aconteceu horas depois de decolar do aeroporto internacional Gaogi, quando finalizaram a contagem dos equipamentos e constataram que a quantidade embarcada havia sido um sucesso. 


“Nesse momento, avisamos toda a tripulação e nossa vontade era de estourar uma champagne e realmente comemorar. A união e a vontade movem qualquer montanha e a gente consegue entregar qualquer sonho a qualquer destino”, disse. 

Outro ponto que surpreendeu o líder da equipe de carga, foi a eficiência do trabalho dos chineses.

“Às vezes, a gente tem o preconceito de que somente o método de trabalho dos europeus e dos norte americanos é eficiente, e, em um primeiro momento, ficamos apreensivos de como seria. Mas o nível de organização deles foi uma verdadeira aula de desempenho e energia. Ficou perceptível a vontade deles em fazer muito bem feito. Apesar de não entender o mandarim e me comunicar bem pouco, ficou claro que eles também queriam fazer a diferença”, falou Campos, que também comentou sobre o nível de segurança.




“Todos, desde a polícia que recebeu a gente no avião pra pegar passaporte e medir nossa temperatura, aos trabalhadores da operação, estavam com luva, máscara, óculos de proteção, macacão e toca. Em alguns momentos, me senti mais seguro lá do que aqui no Brasil, onde muitas pessoas não estão seguindo as medidas estabelecidas pela OMS”. finalizou.




A verdade é que neste momento delicado, muitos profissionais estão arriscando a sua segurança e a de seus familiares para um bem muito maior. Profissionais de saúde, motoristas, atendentes de comércios essenciais, pessoas de limpeza urbana e os trabalhadores do ramo de aviação, que também não estão medindo esforços e estão, literalmente, dando a volta no globo para que tudo passe logo e vai passar. 

Fotos: Arquivo pessoal 


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