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Negras Raízes

17:06

Novembro está chegando ao fim. Nos despedimos do mês onde as pessoas refletem sobre políticas públicas para o povo negro, racismo, outras formas de discriminação e os atrasos causados pela escravidão de uma raça.

Por pura coincidência, este mês comecei a ler uma obra que há anos me despertava o interesse, o livro de Alex Haley, chamado Negras Raízes. Esse antigo e longo livro (646 páginas) publicado em 1976, havia sido lido pelo meu pai e estava há muito tempo na prateleira de livros.

Fique tranquilo, não há spoiler neste texto!!

Este livro, que no começo parece um relato de um negro africano, capturado e levado para os Estados Unidos e que depois soa como um romance, me mostrou pontos de reflexões importantes.

Primeiro, mas não mais relevante, o livro me mostrou a importância de a gente contar a nossa história para nossos filhos e incentivar que esse legado seja passado de geração para geração.

Foi somente por esse fato que o autor do livro conseguiu vencer as lógicas e as estatísticas e teve a oportunidade de conhecer seu verdadeiro passado africano. Foi através dessas memórias passadas por sete gerações, que ele chegou a história do africano Kunta Kite, capturado na Gâmbia, em 1767.

Ler este livro me deu um gás para conhecer a história dos meus pais e, fazer um pacto comigo mesmo, de perpetuar essa biografia para meus filhos e netos.

A obra também me fez refletir como Alex é uma exceção em um mundo onde as pessoas atravessam oceanos para conhecer sobre seus antepassados europeus, que vieram para o Brasil e entraram pela porta da frente.

Hoje, eu, que sou filho de uma negra com um branco, tenho, por direito, adquirir minha cidadania italiana, mas e minha origens africanas? Essa eu nunca saberei, pois isso nos foi tirado.

É triste pensar que essa chance de conhecer o passado nos foi roubada de forma tão brutal e suja. É triste pensar que, em pleno ano de 2019, ainda exista pessoas que acreditam que a escravidão não foi nada de mais, que esse trágico evento da nossa história não tenha trazido cicatrizes profundas para os negros do mundo todo e que essas cicatrizes ainda não causem muitas dores na atualidade.
Apesar de vivermos em uma Era da escrita, onde a tecnologia impera em nossos lares, não esqueça do passado e, se possível, registre esse passado.  Afinal, sua história pode se perder em algumas gerações.

Pais, sentem com seus filhos e contem as histórias da sua família.
Outra reflexão que eu tive foi sobre a nossa vida. Que legado nós deixaremos para as próximas gerações, que história teremos para contar de nós mesmos para as próximas gerações? O que você fez para melhorar o mundo?  

PS: Esse livro, mais tarde, virou série e novela para a televisão.

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1 comentários

  1. Valeu o texto para reflexão. Tomara que muitos outros se interessem em conhecer suas origens.Somente assim vamos valorizar a nossa história. Como você mesmo lembrou.Consegue identificar a parte da sua origem Europeia. Mas nós negros como vamos descobrir nossa origem real. Não somos africanos. A Africa como sabemos e um continente.As regiões onde viviam os que foram escravizados e trazidos para o Brasil, possuíam
    costumes, línguas, organizações de sociedade, religiões completamente diferentes umas
    das outras. Quando eram condenados pelas rígidas leis da sua sociedade, capturados nas
    pequenas aldeias, ou até mesmo nas pequenas guerras, nos caminhos que percorriam,
    quase indiferentes ao que se passava, viam perspectiva de incertezas.Acho que nunca vamos saber ao certo. Quem são os nossos antepassados.

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