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Editorial sobre o editorial “Sem essa de roots”

15:54


Antes de mais nada, vale a pena explicar que um editorial é um texto jornalístico opinativo, que apresenta de maneira subjetiva a opinião do veículo ou da empresa, em relação a diversos assuntos do nosso cotidiano.

Vale lembrar também, que a internet nos deu a possibilidade de expressar nossas opiniões, mas junto dela veio a responsabilidade de argumentar sobre esta opinião e a bucha de ter que receber feedbacks negativos sobre o que você acha de determinado assunto.  

Mas vamos ao que interessa.

No começo de abril, a casa de forró Canto da Ema publicou em seu site, um editorial com o título “Sem essa de roots”.

O autor do editorial, Paulinho Rosa, diz de maneira clara e direta, que o “roots” presta um desserviço ao Forró. Mas eu questiono, o que é roots? Seriam as canções velhas, com arranjos estranhos e baseados em sanfona, zabumba e triângulo, que por sinal, o Rei Luz Gonzaga propagou para o mundo e que é tocado de quarta a domingo na casa em questão? 

Roots seriam as casas de forró sem estruturas básicas para receber os seus visitantes e músicos? Ou então, roots seria uma maneira de dançar?

Claro, assim como ele fala no texto, o forró precisa evoluir muito, principalmente em questão ao profissionalismo de trios, produtores e casas de forró, seja na estrutura física ou nos investimentos com comunicação, aulas de cantos, melhorias nas apresentações, etc. 

E vou repetir, a falta de estrutura e profissionalismo é inegável e existe antes mesmo dessa denominação “roots “ existir. 

O editorial também cita o forró como um País sem importância, mas será que podemos medir o tamanho e a importância de um estilo musical pela quantidade de adeptos, aparição na mídia ou pela lealdade deste público? 

Porque assim como o sertanejo é hoje, outros ritmos chegaram como um meteoro e simplesmente desapareceram. 

Outro questionamento que eu faço é:  para quem interessa o crescimento do forró?

Os frequentadores gostam deste ambiente intimista, onde todos se conhecem, onde os preços são mais acessíveis que grandes baladas, onde a essência da dança prevalece ao mundo das baladas, onde o salão não fica abarrotado de pessoas com seus copos de bebida e onde as brigas e roubos acontecem sempre. Afinal, este é o preço do crescimento. 

Novamente digo, pobreza não é sinal de sujeira. Podemos ter um ambiente intimista, mas que acomode bem seus frequentadores e profissionais.  

Aliás, quem disse que o forró não expandiu? Em qual momento o forró esteve tão presente em tantos países pelo mundo? Quantas pessoas que nunca imaginaram sair do Brasil estão percorrendo o globo terrestre fazendo o que eles mais gostam, dando aula ou tocando forró, um ritmo originalmente brasileiro. 

E em qual período do forró houve uma invasão gringa nos festivais e casas do ritmo? 

O que me parece é que as pessoas que pedem para expandir têm medo do novo, afinal, apesar dos discos serem de décadas passadas, há alguns anos o forró de vinil era criminalizado.

Quer ser tratado como um extraterrestre? Vá de bermuda e boné ao sertanejo de ostentação, com certeza vão te medir de baixo a cima, isso se você conseguir entrar. Quantos casos de discriminação em grandes casas de shows sertanejos vocês não viram, seja porque a pessoa é pobre, gorda ou negra? 

De fato não estamos presentes nas rádios, mas como não temos importância para a mídia, se tivemos participantes nos principais concursos de música brasileira, além da participação do forró em uma grande novela das 8?

Lógico que existem produções pífias, casas mal cuidadas, com som péssimo e com estrutura horrível para receber os frequentadores e músicos.  Mas daí, nomear as coisas erradas, a falta de profissionalismo como roots é no mínimo deixar de refletir para simplesmente culpar algo que nem existe de fato.

Como dizia um antigo chefe, “Não me traga problemas, me traga soluções”.

Tenho certeza que roots para a maioria das pessoas não é a coisa mal feita, roots é o amor pelo passado, é a pesquisa, são os dedos empoeirados dos djs nos sebos, é o resgate aos grandes músicos esquecidos por esta grande mídia tão desejada e que não pensará duas vezes para excluir os sertanejos quando outra onda vier. 

Tenho certeza que roots é mostrar a origem daquele ritmo, que muitos aprenderam com o Falamansa, mas que hoje preferem sair da superfície e mergulhar de cabeça para descobrir de onde vieram.

O forró não precisa de mídia tradicional, o forró precisa de profissionalismo, de produtores que se arrisquem em espaços fora das casas tradicionais de forró.   

O forró precisa de evolução e união entre as pessoas e profissionais que trabalham com e para ele.

O forró precisa de mais eventos como o produzido pelo próprio Canto da Ema no carnaval e não de editoriais que mais segregam do que unem. 

E sinceramente, espero que eu tenha entendido errado o objetivo deste texto tão triste.




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4 comentários

  1. É muito isso mano
    "O forró precisa de evolução e união entre as pessoas e profissionais que trabalham com e para ele"
    Sou DJ aqui da zona oeste de SP e tô erguendo meu set em vinil também e já querendo somar nos bailes. Forró é nosso patrimônio vamos zelar por ele. O vinil tem um pape fundamental nisso!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu pela colaboração e que em breve, você esteja tocando com qualidade para as pessoas.

      Excluir

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