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Sindicatos: o elo de justiça na relação capital-trabalho

14:35

Odiados e amados por muitos, assunto polêmico ainda é repleto de mitos e mentiras

Amados e odiados por muitos, os sindicatos têm sofrido diversos ataques, seja por parte do atual governo, seja por parte da população, que muitas vezes sem conhecimento, reproduzem mentiras e o que foi aprendido pelo senso comum. 

Nascidos há mais de 200 anos, pelos próprios trabalhadores, em defesa do seu próprio interesse, os sindicatos são importantes instituições que garantem mais justiça e igualdade na relação entre capital-trabalho.

Em tempos de crise, com a taxa de desemprego batendo a casa dos 12%, as entidades sindicais sofreram um baque muito forte com a aprovação da reforma trabalhista, que, supostamente, tinha o objetivo de facilitar a contratação de pessoas e reduzir o número de desempregados.

Conforme foi alertado pelos sindicatos, essa reforma não diminuiu a taxa de desemprego, mas colocou os trabalhadores em um posição perigosa, uma vez que, sem a verba da contribuição sindical, excluída na reforma trabalhista, as entidades perderam força para se sustentar, e, consequentemente, os trabalhadores ficaram mais vulneráveis a possíveis explorações.

Sob as falas de que sindicatos nada fazem pelos trabalhadores, muitos desconhecem seu objetivo e os seus feitos. Um exemplo claro disso é o dissídio, que não é reajuste salarial, como muitos pensam e sim o processo quando empresas e trabalhadores não entram em um acordo, durante a negociação salarial. 

Confesso que antes de trabalhar na comunicação dessas entidades, eu pouco sabia sobre elas, reproduzia algumas mentiras e nutria um descontentamento também. Por isso, a busca por informação é tão importante na luta contra as mentiras ventiladas por quem não está pensando nem um pouco no trabalhador. 

A experiência de 3 anos na comunicação de uma central sindical me deu muito conhecimento de causa. Tive contato com centenas de sindicatos e sindicalistas. 

O meu relato não é baseado em achismo. Por isso, essa postagem tem o objetivo de abrir seus olhos para o desconhecimento e a ignorância.

Esses esquerdistas petistas

Ante de mais nada, esqueça esse negócio de sindicatos são de esquerda, pois existe os sindicatos patronais, que representam as empresas na hora de negociar com os trabalhadores. 

É muito comum as pessoas ligarem o movimento sindical à Central Única dos Trabalhadores (CUT), mas desconhecem que essa central sindical, ligada ao PT, não representa todos os sindicatos pelo País. 

A central onde eu trabalhava mesmo, cada um tinha o direito de escolher o partido que cada um se identificava. 

Verdade verdadeira

Vale lembrar também que a maioria dos benefícios que sua empresa dá, é uma conquista do sindicato. Aquele aumento anual que você tem, é fruto de muita briga com o setor patronal.

Salário mínimo, jornada de trabalho, férias, 13° salário e seguro desemprego, também têm o dedo das entidades sindicais. 

Lógico que qualquer valor que sai do nosso bolso faz falta e a tendência é que a gente reclame disso. Mas pense, os sindicatos precisam ser fortes para terem mais poder de luta na hora de reivindicar seus direitos. Para isso, ele precisa manter uma estrutura com bons advogados, uma boa comunicação e algumas vantagens, como descontos em faculdades e locais de férias etc. 

O valor da contribuição sindical pagava essa estrutura para servir você e os seus interesses.   

A falsa liberdade

“Sem o sindicato você tem a liberdade de negociar com o seu patrão”. Essa frase foi muito usada para gerar uma falsa e ilusória liberdade de negociação com os patrões. 

Isso pode valer para os altos cargos, pessoas muito graduadas e funcionários estratégicos para as empresas, pois a grande massa, não está em condições de pedir aumento salarial justo, aumento no valor de vale refeição. A maioria não está em condições de manter direitos como convênio médico, etc. 

Isso se agrava com o alto número de desempregados, pois com mais pessoas sem emprego, mais pessoas estarão dispostas e se sujeitar a salários baixos e falta de condições mínimas de trabalho. 

Sindicatos que trabalham não morrerão 

Essa foi outra frase muito usada durante o processo da reforma trabalhista e que não representa a verdade. Muitos sindicatos pequenos, que representam categorias menores e como menos representatividade na sociedade, podem fechar.

Durante esses três anos, vi muitas cidades do interior do Brasil comandadas por verdadeiros coronéis, que simplesmente anunciavam que não dariam o reajuste anual, ou então que não forneceriam Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Esses servidores só tinham o sindicato para recorrer e os seus diretores, muitos nem recebiam salário, colocavam sua vida em risco para lutar. Sem a contribuição, muitas dessas entidades, que tinham um papel fundamental, estão de portas fechadas.

Em contrapartida, entidades de categorias grandes, onde presidentes se eternizam em suas cadeiras, vão continuar a todo vapor, usando o dinheiro do trabalhador para uso próprio. 

Nem tudo são flores

Lógico, seria ingenuidade achar que TODOS os sindicatos representam muito bem o trabalhador, lógico que existem muitas entidades comandadas por verdadeiros donos de sindicatos, que se eternizam no cargo. Mas não podemos nunca generalizar. Esses maus exemplos não podem representar o verdadeiro sindicalismo. É por isso que é muito importante a participação dos trabalhadores na vida do sindicato, assembleias e mobilizações.

Sindicato que funciona, os trabalhadores farão questão de pagar  

Essa é mais uma grande mentira. Nossa sociedade não tem maturidade para agir assim. Imagine só, atualmente, o sindicato luta pelos benefícios de todos, pagantes ou não. Porque alguém pagaria, mesmo sabendo que o ato de não pagar não tira dele o direito de receber os benefícios. Essa é mais uma jogada para desequilibrar as entidades sindicais. 
Isso sem contar que a nossa população não tem o costume de participar da vida política do País, imagina na vida sindical. As pessoas acreditam que sua participação se limita na hora de votar.  

Unicidade sindical não é a solução

Apesar do governo se mostrar favorável para o fim da unicidade sindical, dizendo que isso geraria concorrência, precisamos dizer que sindicato não é um negócio. Pulverizar o movimento sindical só vai enfraquecer ainda mais as entidades. Isso sem contar que vai na contramão dos que acreditam que já existem muitos sindicatos no Brasil. 

A solução e soluções

Ao meu ver, o mundo ideal seria que, todos os trabalhadores que contribuem com o sindicato, tivessem direito aos benefícios negociados pela entidade. Quem não quer pagar, tem todo direito disso, mas não tem o direito aos benefícios, vai negociar direito com o patrão. Isso seria o mais justo.

Um dos sindicatos que a gente trabalhava fazia algumas ações pontuais importante para dar mais credibilidade à sua luta. Para evitar qualquer falatório, eles gravavam e disponibilizavam, sem cortes, as reuniões de campanha salarial com o setor patronal. Ficava ali registrado as propostas indecentes do sindicato patronal como reajustes muito, mas muito abaixo da inflação, além do fim de outras conquistas como PLR. 

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