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O skate é olímpico, mas o que importa é o que ele representa para você

15:38


Estamos em ano olímpico e desde o anúncio da participação do skate nos jogos, até a apresentação dos uniformes das seleções, no começo deste mês, o assunto tem sido amplamente debatido entre praticantes, marcas e amantes do esporte.

Polêmico, o tema divide opiniões entre os que acham que o skate nas olimpíadas vem para agregar e ampliar a visibilidade de atletas, marcas e do próprio skate, e os que não acreditam que o skate se enquadre às competições dos jogos olímpicos.

Argumentos não faltam para os dois lados, um bom exemplo disso é o podcast Língua Preta, do canal de skate Black Media, que levou os skatistas Rogério Mancha e Alexandre Cotinz.

De qualquer forma, cada um escolhe o seu lado, pois cada um tem uma visão, cada um tem uma experiência e cada um leva o skate consigo de uma forma diferente.

Apesar de sempre existir competições de skate, ao meu ver, o esporte não se enquadra em um jogo com estratégias, algumas vezes sujas, para vencer, não existe a vitória pela vitória e o título pisando na cabeça dos adversários, apesar de já terem feito isso.

Para mim, o skate foi a porta de entrada para o mundo de verdade, foi o divisor de águas entre uma vida de cidadão comum e uma pessoa mais engajada, que busca conhecimento através dos livros. Logo eu, taxado de vagabundo, na época.

O skate me trouxe o Rap, o Punkrock e o Hardcore e com ele eu ganhei, além de um bom gosto musical, mais consciência sobre luta de classes, racismo, desigualdade social, etc.

O skate me trouxe o orgulho de usar Black Power, em uma época onde todos raspavam a cabeça e usavam óculos de sol na testa, imitando os pagodeiros. 

O skate me trouxe a coragem de usar roupa larga e tênis grande, ser taxado de drogado, marginal e vândalo e mesmo assim andar de cabeça erguida, independente do lugar, seja na escola, ou em algum casamento.

Aliás, o skate é isso, é autoestima e coragem para não seguir a manada.   

O skate sempre foi desobediente, sempre foi transgressor, mesmo quando não infringia as leis do País. O skate sempre chocou pela sua rebeldia, o skate sempre foi a resistência.

Hoje, mesmo andando menos do que eu gostaria, não sei como seria minha vida se não tivesse conhecido o skateboard, ou se tivesse conhecido o skate como um esporte comum. Pode ser que se meu primeiro contato com o skate fosse a base da TV, da competição, da moda ou da tendência, eu nem teria me apaixonado por ele.


Claro que vou assistir às competições e torcer pelos brasileiros, mas, acima de tudo, vou torcer para o skateboard, que ele não seja vendido como um produto por um sistema que quer se apropriar do que é de verdade para vender como mercadoria.

Eu estarei na torcida para que o Estado construa mais pistas e para que as marcas tenham mais condições de apoiar mais atletas.

Pois é, eu estarei torcendo pelo skate, ainda mais sabendo que ao mesmo tempo que um atleta for anunciado na arena olimpíada, haverá mais de mil fazendo uma session nas ruas, sem ao menos lembrar que as olimpíadas existem.  

Skateboard para toda vida!!



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