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Baila Brasil, um “trem” desgovernado que felizmente não colidiu

12:21


Eu não tinha pretensão alguma de escrever, novamente, sobre perrengues em eventos de forró. Na verdade, neste momento, queria estar escrevendo sobre os resultados da Roda de Conversa, que aconteceria no Baila Brasil, neste último final de semana (18 a 21), em Contagem, Minas Gerais.

Antes de mais nada, meu intuito não é apontar o dedo para ninguém, acho que este relato pode servir de alerta aos produtores, futuros organizadores de evento, e lógico, ao público forrozeiro, pois não se trata somente de tempo e dinheiro, se trata de vidas. Na condição de jornalista, me senti obrigado a relatar um pouco sobre o que aconteceu neste feriadão de Páscoa.

Apesar de me sentir menos prejudicado, uma vez que meu chalé estava em ordem, eu tinha dinheiro em espécie e consegui resgatar o valor das minhas fichas, fui me dar conta do risco que todos nós passamos, somente na hora que coloquei a cabeça no travesseiro, já na minha casa. Eu também não poderia deixar de apoiar quem teve qualquer tipo de prejuízo.

Para alguns, essa preocupação pode parecer exagerada, mas quando se tem um filho para chegar, o instinto de proteção fala mais alto, tanto que em diversos momentos, pós- evento, eu me questionei o porquê não fui embora no 1o dia.

Não vou detalhar muito os problemas corriqueiros acontecidos em diversos festivais, pois algumas pessoas já fizeram. Meu foco será no ponto que achei mais grave. Mesmo por que, não acampei e não cheguei no horário de pico para dizer sobre filas e acomodações.

Mas vamos lá. 

Como todos sabem, o Baila Brasil teve algumas falhas básicas como falta de bebida, mas conforme os dias passavam, o clima de insegurança deixou o evento em uma verdadeira corda bamba. Com buchichos de todos os lados, a cada momento surgia uma nova informação, quando não era o cancelamento de uma banda, era falta de bebida, quando não era erro na entrega dos chalés (teve gente que pagou um chalé sozinho e quando foi pegar as chaves, tinham outras sete pessoas no local), eram fichas compradas que não valiam mais para as comidas do local. Com isso, muita gente saiu do evento com muitas fichas. Isso sem contar os DJ, que não tinham pickup para tocar.

Apesar da alegria de ver os amigos e a satisfação de dançar com muitas pessoas de diversos estados, a gente nunca tinha certeza se a programação teria continuidade e se no dia seguinte o evento prosseguiria. Mesmo assim, muita gente foi embora antes de terminar.

Com o passar dos dias, o sentimento que eu tinha era de que não havia ninguém a frente do evento, parecia um “trem” desgovernado, prestes a colidir. Com o passar dos dias, comecei a perceber que não havia um segurança (me falaram que estavam sem uniforme), não presenciei um salva-vidas e a portaria parecia que estava liberada para qualquer pessoa, pois não havia um controle muito efetivo. Vi coisas como pessoas entrando com cooler de bebida e comida.

Até quando teríamos o evento? Até quando as pessoas teriam paciência diante tanto descaso? E se acontecer alguma coisa? Será que vamos acordar e terá evento? Será que conseguiremos tomar café da manhã, almoçar ou jantar?

Essas dúvidas, além da falta de retorno da produção, que se comunicava com o público através de alguns músicos, foram as piores partes.

Além disso, acho que faltou cuidado com um evento tão grande como esse. Faltou identidade, o palco da piscina não tinha nenhuma decoração, nada indicava o evento que estávamos participando. Aliás, atrás do palco da piscina tinha uma placa de madeira e dois banners de um fabricante de cerveja. 

Show do Trio Araça foi um espetáculo a parte 
Pelo menos no palco principal havia minimamente uma iluminação bacana.  

Lógico, que quando estava na pista dançando, (e que beleza de pista, onde havia gente de diversos estados quebrando tudo) ou conversando com os novos e velhos amigos que eu não via há anos, os problemas eram amenizados, mas nada substitui o respeito com o consumidor, com nosso tempo e com o nosso dinheiro.

Vista do chalé
Aliás, precisamos parar de achar que vale tudo por amor ao forró, músicos, djs e público devem tocar e participar com amor e não por amor. Com certeza, o dinheiro empregado faz falta para muitos. Precisamos e temos que exigir eventos de qualidade, eventos com excelência de atendimento.  

Além das danças e dos amigos, outro ponto positivo, que não poderia deixar passar batido, foi a disposição dos trios que subiram no palco e simplesmente arrebentaram. Eles deram um show à parte para um público que já havia passado perrengue o suficiente. O lugar também era muito legal e o clima também colaborou. 



Além disso, a tia da batata frita mandou muito bem e salvou muita gente com aquele caminhão de batatinha por R$ 5.

Enfim, espero que o Baila Brasil deste ano não prejudique outros eventos no futuro e que os próximos sejam feitos com mais profissionalismo e um melhor preparo. 

Lembre-se, esses eventos acontecem há mais de uma década, temos experiência o suficiente para saber onde eles erraram e onde eles acertaram. Não queira abraçar o mundo, tenha uma equipe de suporte qualificada e tudo ficará mais fácil. 

E se assim como eu, você não tiver condições de organizar um evento, se limite a ir como um consumidor. 

O forró agradece! 

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