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O fole precisa roncar para o mundo e não somente nos porões

17:18

Fágner, Moares Moreira, Zé Ramalho e Jackson do Pandeiro
(imagem retirada do site Forró em Vinil) 
Todo forrozeiro que se preze, seja ele frequentador, músico, produtor ou amante do ritmo, deveria ler o livro “O Fole Roncou”, dos jornalistas Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, e depois fazer uma reflexão sobre o atual momento do movimento do Forró Pé de Serra, no Brasil.

Nessa minha última leitura, além de saber de curiosidades que eu jamais imaginei, refleti e compartilho agora algumas observações, mas com a minha ótica. Quem quiser contestar, fique à vontade, desde que conteste com argumentos.

Podemos através desse livro, que foi finalista do Prêmio Jabuti, uma das premiações mais importantes da literatura brasileira, perceber a rede que se formou entre os grandes nomes do Forró Pé de Serra. Em algum momento da história eles se encontraram, formaram parcerias e deram apoio uns aos outros. Lutaram e se preocuparam em ver o ritmo perder espaço para músicas de influências estadunidenses. 


Os percussores do ritmo jamais deixaram o orgulho, as birras ou até mesmo o egoísmo falar mais alto, e virar as costas para aqueles que estavam começando. Pelo contrário, os “reis e rainhas” ajudavam os mais novos de todas as formas possíveis. Seja pagando a passagem do nordeste para o Rio e São Paulo, seja dando hospedagem, fazendo show beneficente, fazendo parcerias de músicas, indicações para as gravadoras e até mesmo dando dinheiro vivo.


Outro aspecto que pude observar, é que nas mudanças de geração do forró houve um apadrinhamento. Por exemplo, Jackson do Pandeiro foi tocar em um festival com Zé Ramalho, assim como houve ajuda/incentivo a Elba Ramalho e Fagner. Aliás, Dominguinhos fez isso com tantas bandas do cenário atual.


O que talvez falte ao nosso atual movimento são aqueles que estão mais em evidência “puxar” os que estão começando. São artistas nomeados, como Fagner, Zé Ramalho, entre outros grandes nomes, levando, ou apadrinhando os atuais trios e bandas de forró.

Acho que chegou a hora de haver uma verdadeira união, e quem sabe Bandas como Falamansa, que estão com muito mais frequência na mídia, falarem e baterem sempre na tecla de que ainda existe um movimento apaixonado de forrozeiros que frequentam as casas, todos os dias.

Dominguinhos, Guadalupe, Fágner, Gonzaga e Sivuca
(Foto Internet)
Talvez seja a hora dos trios e bandas investirem em músicas próprias, nunca esquecendo das origens. Se os mestres falavam do sertão e da seca, vamos falar dos nossos problemas e dilemas urbanos e atuais. Vamos trazer a música para perto da nossa realidade, vamos nos identificar com ela e fazer com que as pessoas se identifiquem também.

Existe um trecho desse livro, que fala sobre o começo da banda Mastruz com Leite, em uma época onde o forró era brega, onde as pessoas tinham vergonha de tocar e cantar forró, onde as pessoas bonitas não podiam ser vistas tocando o ritmo. Mesmo assim, uma pessoa de visão pensou diferente, mudou o conceito de forró e mostrou que é possível ter um palco bacana e que os shows podem ter moldes que atraem o público.

Mesmo não gostando desse tipo de “forró”, temos que tomar como exemplo essa atitude e tentar fazer algo diferente para atrair as atenções das pessoas para o nosso mundo, para o nosso forró. E para isso, não precisamos perder a essência.  

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Talvez esse seja o momento de olhar pra frente, pensar diferente, abrir a mente para novas oportunidades. Deixar de egoísmo e parar de pensar que o forró é meu ou seu, que deve permanecer no porão da cena musical, na cena underground.


Nesse momento, não existe forró roots e forró universitário, existe o Forró, tocado com sanfona, zabumba e triângulo, que aceita também as variações de instrumentos, e que nem por isso, faz dele menos forró. Porque esses instrumentos são tocados com a mesma essência e paixão dos velhos reis.    


O forró é do mundo e ele merece ressurgir das trevas, e para isso não precisamos esconder nossas raízes e nossas origens, pois elas sempre nos acompanharão.

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1 comentários

  1. Perfeito como sempre! Parabéns, ótimo texto! Viva o forró!

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