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Do luxo ao lixo : Em noite de prêmio Nobel o crack também chamou atenção

12:58


Na noite da última terça-feira (30), tive a oportunidade de fazer parte de um seleto grupo de pessoas que esteve presente na palestra do ganhador do Prêmio Nobel da Paz, de 2005, o egípcio, Mohamed El Baradei (que por sinal, foi o segundo Nobel que eu conheci, o primeiro foi W.D. Phillips, ganhador do Nobel de Física, em 2007).

O local não poderia ser mais perfeito, o elegante prédio da Casa São Paulo, no centro da Terra da Garoa.  

No interior do imponente edifício, que um dia foi da estrada de ferro Sorocabana, pessoas elegantes, vestidas em trajes sociais, conversam e desfrutam de um ambiente super requintado.

Mas a minha mente não conseguia se desfazer de uma cena, que acabara de ver instantes antes de adentrar ao recinto. Ali mesmo, na rua da Praça Júlio Prestes, a menos de 50 metros da entrada da Sala São Paulo, que por sinal é a sede da Orquestra Sinfônica do estado de São Paulo, dezenas e porque não centenas de pessoas estavam aglomeradas fazendo uso de uma droga devastadora chamada crack. Naquela hora, conheci o que eu só tinha visto no noticiário da tv, a Cracolândia. Fiquei realmente chocado com a cena, que no fundo já desejava ver.  

Em muitos momentos me peguei pensando sobre tamanha desigualdade, lá dentro, pessoas bem vestidas, boa música, comida e bebida de primeira, um ambiente chique. Lá fora, pessoas a margem da sociedade que não vivem, apenas sobrevivem.

E o prêmio Nobel da paz será que tinha ciência que ali do lado haviam pessoas naquela situação tão degradante?

Fico feliz que esse tipo de questionamento ainda apareça em minha mente, pelo menos pude perceber que a situação ainda me incomoda bastante.

De qualquer forma a palestra continuou interessante e o diplomata, que fez parte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), nos mostrou uma visão diferente, de alguns acontecimentos históricos que conseguimos ver apenas através dos noticiários.

El Baredei esteve envolvido em dois fatos que marcaram a história mundial nos últimos anos e talvez por isso tenha despertado tanta minha curiosidade.

Primeiro, no ataque liderado por G. W. Bush e Tony Blair ao Iraque, ele foi uma dos inspetores totalmente contra as ofensivas e que na época declarou não haver evidências de que o país de Saddam Hussein estava desenvolvendo bomba nuclear.

O segundo fato marcante é um pouco mais recente, o egípcio esteve envolvido diretamente na Primavera Árabe, que levou milhares de pessoas as ruas do Caíro, capital do Egito, em busca de democracia, o que resultou na queda do ditador Hosni Mubarak.

Outra postura que me agradou foi o questionamento aos Estados Unidos, como protetor do mundo e o porque eles não interferem nas centenas de guerras que estão acontecendo em locais sem muita importância política para eles.  

O fato é que é que algumas indagações podem passar ou se modificar, mas essa experiência vai permanecer para sempre, na minha lembrança.

Legenda da foto: Cracolândia: Thiago Quiroz A/E

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