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Entrevista com Alexandre Mori, idealizador do Particulino do Alê e do perfil Amodançarforró
09:08
O forró me deu algumas coisas boas, entre elas, a amizade de pessoas especiais. No caso do nosso entrevistado de hoje, além da amizade, ele foi meu veterano, não só no forró, mas também na faculdade de jornalismo e na paternidade
No forró, ele foi como um mestre, mostrou o caminho que eu deveria seguir, me apresentou para pessoas legais, me deixou participar dos seus projetos e sempre fez questão da minha presença em suas festas. Foi por causa dele que eu consegui ver Mestre Zinho tocando zabumba e contando história.
Ele é forrozeiro, jornalista, dançarino, radialista, blogueiro, dj, produtor, colecionador e discos e dono de umas melhores festas que eu já fui, o Particulino do Alê. Aliás, eu fui em todas as edições.
Atualmente, ele fomenta o forró através do perfil Amodançarforró, no Instagram, que, além de postar vídeos da galera do Brasil todo dançando, tem feito lives com grandes nomes do forró pé serra.
Atualmente, ele fomenta o forró através do perfil Amodançarforró, no Instagram, que, além de postar vídeos da galera do Brasil todo dançando, tem feito lives com grandes nomes do forró pé serra.
O nosso entrevistado de hoje é o araraquarense e campineiro, pai da Julia e marido da Dani, Alexandre Mori.
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EQM- Como conheceu o forró?
Alexandre Mori- Uma ex namorada minha tinha me largado e tinha duas festas na cidade, uma de rock, que ela ia, e a outra era forró, fui ao forró pra não encontrar ela, e nunca mais sai. Ou seja, entrei no forró com um pé na bunda.
EQM- De onde nasceu a vontade de usar a sua profissão de formação, para fomentar o movimento?
Ale- Eu trabalhava como repórter cultural no jornal da rádio Uniara, e apresentava o programa Pé de Serra, aos sábados. Então juntei e comecei a entrevistar os artistas no programa. Uma coisa levou a outra.
EQM-Fala dos seus projetos de fomento ao forró, programas, produção, Insta, Particulino?
Ale- Eu amo tanto o forró, que sempre achei que teria que fazer algo por ele, pelos artistas e pelo público.
Em 2001, junto com um sócio eu arrendei um bar aos domingos e fazíamos forró, chamava Domingueira do Forró, durou até 2006. Chegamos a levar nesse espaço Dominguinhos, Oswaldinho do Acordeom, Mestre Zinho, Trio Xamego, Miltinho Edilberto e Trio Dona Zefa, entre outros.
Em 2006 abri uma empresa de eventos, onde movimentávamos os SESCs e as prefeituras do interior de São Paulo, sempre com o intuito de movimentar a cultura do forró e poder pagar um cachê melhor para os músicos.
De 2007 a 2012 apresentei o programa Pé de Serra sempre mostrando a cultura nordestina por meio do forró e de entrevistas com artistas, destaque para as entrevistas com Dominguinhos, Flávio José e Mestre Zinho. O programa tinha uma média de 220 mil ouvintes por edição.
Em 2007 o Zinho foi até Araraquara participar de uma gravação e, como éramos amigos, disse que minha casa estava à disposição para ele descansar, pois o ônibus iria demorar umas 6 horas pra sair. Ele disse que ia para casa, sim, mas que era pra chamar todos os forrozeiros pra fazermos um “som”. Com isso surgiu a ideia de fazer o Particulino do Ale.
De 2007 a 2008 fazíamos um Particulino por mês, em 2009 decidi fazer um por ano, uma festa grande, com djs e várias bandas. Em 2011, resolvemos profissionalizar a festa, mas não pra fazer dinheiro, mas sim para os forrozeiros terem uma festa com a melhor estrutura e atrações possíveis. Sendo assim, todo ao dinheiro das vendas de ingressos iam pra produção da festa. Fizemos até 2013.
Em 2018 tive a ideia de criar o Instagram @amodancarforro, um lugar onde os forrozeiros pudessem ver vídeos de outros forrozeiros dançando, e poder movimento um pouco a cena do forró. Hoje, temos quase 11 mil seguidores.
EQM- Tem noção de quantos forrozeiros já entrevistou?
Ale- Não tenho noção, porque em todo as minhas idas e viagens que fazia com os forrozeiros eu estava com o gravador ligado, além das entrevistas “oficiais”.
Então tenho áudios do Parafuso do Os 3 do Nordeste, do Coroné do trio Nordestino, da Marinês, do Flavio José, do Zinho, do Dió de Araújo do trio Xamego, do Oswaldinho do Acordeom, por exemplo.
Com o Mestre Zinho eu fiquei viajando por 2 meses seguidos, em 2008. Eu dirigia o carro nas viagens enquanto ele descansava, fiz o nordeste e o Sudeste com ele. O que eu ganhei com isso? Histórias maravilhosas, e shows inesquecíveis que até hoje lembro com muito carinho.
EQM-Vai disponibilizar seu acervo de entrevistas?
Ale- Sim, mas tenho que organizar os áudios e os vídeos. As entrevistas novas como a dos grandes Antonio Barros e Cecéu já estão no feed do meu canal do Instagram, assim fica fácil pra assistirem, fica à dica.
EQM-Qual o mais especial q você entrevistou?
Ale- Difícil, cada um é especial por um motivo. Dominguinhos não preciso falar, Zinho meu ídolo. Antônio Barros e Ceceu foi especial, pois são a estrutura de tudo que vivemos hoje no forró. Danilo e Murilo do Dona Zefa porque são a continuidade do ritmo.
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EQM-Quem você entrevistaria se tivesse vivo, que pergunta faria para ele?
Ale- Vários, cada um por um motivo. Luiz Gonzaga eu perguntaria como foi o processo de criação do Baião. Pro Jackson do Pandeiro perguntaria como se deu a mistura do seu ritmo. Pro Ary Lobo gostaria que ela falasse sobre a cadência de suas músicas e sobre sua voz. E pro Lindú do Trio Nordestino eu perguntaria por que ele foi embora tão cedo, tão jovem.
EQM- Pensou em transformar isso em uma profissão, em algum momento da sua vida?
Ale- Por um tempo acabei tendo uma renda com a empresa de eventos. Mas a vida pessoal me levou para um outro lado da vida profissional e não tenho mais tempo para correr atrás dos shows. Hoje, ajudo as bandas que precisam de nota fiscal e faço com a empresa que tenho.
Mas quando você começa a trabalhar com seus ídolos descobre que eles são seres humanos, com virtudes e defeitos. Prefiro deixar os ídolos como ídolos. Confesso que tive um problema muito sério, um artista que fiz a produção por um tempo, E durante uns anos não consegui nem ouvir suas músicas. Então prefiro ajudar como posso e não mais trabalhar com isso.
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EQM- Você tem noção da importância dos seus projetos para o forró?
Ale- Não que isso tenha muita relevância. Veja o Paulinho do Canto da Ema tem o programa de rádio Vira e Mexe, além do próprio Canto. O Ivan do Rootstock tem o site forremvinil, onde você pode pesquisar mais de 5 mil discos, além de ter acesso a várias histórias e informações. Só pra citar alguns. Então eu sou bem pequeno perto desse mundo.
EQM- Qual lição você tira de todos esses feitos?
Ale- A lição que tiro é que nossa cultura é muito rica, mas pouco valorizada. Grandes artistas, com grandes histórias deveriam ter mais espaço cultural. Imagine um Antônio Barros, com 90 anos, mais de 2 mil músicas gravadas, sendo 700 sucessos nacionais. Quem lembra dele? Quem fala dele, além do nosso circuito? Isso me deixa triste e um pouco revoltado. Mas ainda bem que temos pessoas que se importam com a cultura e nunca vão deixar o forró cair.
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