Antes de mais nada, vale a pena explicar que um editorial é
um texto jornalístico opinativo, que apresenta de maneira subjetiva a opinião
do veículo ou da empresa, em relação a diversos assuntos do nosso cotidiano.
Vale lembrar também, que a internet nos deu a possibilidade de
expressar nossas opiniões, mas junto dela veio a responsabilidade de argumentar
sobre esta opinião e a bucha de ter que receber feedbacks negativos sobre o que
você acha de determinado assunto.
Mas vamos ao que interessa.
No começo de abril, a casa de forró Canto da Ema
publicou em seu site, um editorial com o título “Sem essa de roots”.
O autor do editorial, Paulinho Rosa, diz de maneira clara e
direta, que o “roots” presta um desserviço ao Forró. Mas eu questiono, o que é
roots? Seriam as canções velhas, com arranjos estranhos e baseados em sanfona,
zabumba e triângulo, que por sinal, o Rei Luz Gonzaga propagou para o mundo e
que é tocado de quarta a domingo na casa em questão?
Roots seriam as casas de forró sem estruturas básicas para receber os seus visitantes e músicos? Ou então, roots seria uma maneira de dançar?
Claro, assim como ele fala no texto, o forró precisa evoluir
muito, principalmente em questão ao profissionalismo de trios, produtores e
casas de forró, seja na estrutura física ou nos investimentos com comunicação,
aulas de cantos, melhorias nas apresentações, etc.
E vou repetir, a falta de estrutura e profissionalismo
é inegável e existe antes mesmo dessa denominação “roots “ existir.
O editorial também cita o forró como um País sem importância, mas
será que podemos medir o tamanho e a importância de um estilo musical pela
quantidade de adeptos, aparição na mídia ou pela lealdade deste público?
Porque assim como o sertanejo é hoje, outros ritmos chegaram
como um meteoro e simplesmente desapareceram.
Outro questionamento que eu faço é: para quem interessa o crescimento do forró?
Novamente digo, pobreza não é sinal de sujeira. Podemos ter
um ambiente intimista, mas que acomode bem seus frequentadores e profissionais.
Aliás, quem disse que o forró não expandiu? Em qual momento
o forró esteve tão presente em tantos países pelo mundo? Quantas pessoas que
nunca imaginaram sair do Brasil estão percorrendo o globo terrestre fazendo o que
eles mais gostam, dando aula ou tocando forró, um ritmo originalmente brasileiro.
E em qual período do forró houve uma invasão gringa nos
festivais e casas do ritmo?
O que me parece é que as pessoas que pedem para expandir têm
medo do novo, afinal, apesar dos discos serem de décadas passadas, há alguns
anos o forró de vinil era criminalizado.
Quer ser tratado como um extraterrestre? Vá de bermuda e
boné ao sertanejo de ostentação, com certeza vão te medir de baixo a cima, isso
se você conseguir entrar. Quantos casos de discriminação em grandes casas de
shows sertanejos vocês não viram, seja porque a pessoa é pobre, gorda ou negra?
De fato não estamos presentes nas rádios, mas como não
temos importância para a mídia, se tivemos participantes nos principais
concursos de música brasileira, além da participação do forró em uma grande
novela das 8?
Lógico
que existem produções pífias, casas mal cuidadas, com som péssimo e com
estrutura horrível para receber os frequentadores e músicos. Mas daí, nomear as coisas erradas, a falta de
profissionalismo como roots é no mínimo deixar de refletir para simplesmente
culpar algo que nem existe de fato.
Como dizia um antigo chefe, “Não me traga problemas, me
traga soluções”.
Tenho certeza que roots para a maioria das pessoas não é a
coisa mal feita, roots é o amor pelo passado, é a pesquisa, são os dedos empoeirados
dos djs nos sebos, é o resgate aos grandes músicos esquecidos por esta grande
mídia tão desejada e que não pensará duas vezes para excluir os sertanejos
quando outra onda vier.
Tenho certeza que roots é mostrar a origem daquele ritmo,
que muitos aprenderam com o Falamansa, mas que hoje preferem sair da superfície
e mergulhar de cabeça para descobrir de onde vieram.
E sinceramente, espero que eu tenha entendido errado o
objetivo deste texto tão triste.
Antes de mais nada, vale a pena explicar que um editorial é um texto jornalístico opinativo, que apresenta de maneira subjetiva a opiniã...