Prédio do antigo Banespa (David C. Fugazza) |
Confesso que esse retorno foi inesperado e de fato a ficha ainda não caiu, pois ainda me pego pensando. “Nossa!! Eu realmente estou aqui.”
São Paulo representa muito para mim e apesar do tempo que passei fora, minhas raízes nunca se quebraram, elas sempre permaneceram aqui, em cada lugar que eu frequentava, em cada pessoa que eu fazia questão de visitar ou simplesmente lembrar, em cada recordação da minha infância, na Vila Mariana.
Eu sempre soube que São Paulo era a terra das oportunidades, mas agora eu pude provar desse gostinho e aqui estou eu, pronto para subir mais um degrau na escada da vida.
Ainda estou me reabituando a cidade, mas algumas particularidades são perceptíveis a qualquer olhar mais apurado.
Em poucos lugares a desigualdade social é tão gritante e tão próxima ao mesmo tempo. São favelas em bairros nobres, casebres de madeira lado a lado com mansões gigantescas, separadas apenas por uma muralha cheia de câmeras, arames farpados e seguranças.
Pessoas bem vestidas caminhando nas ruas do centro, rumo as sedes de algumas multinacionais, enquanto meninos de rua deitados pedindo dinheiro.
E a diversidade não fica apenas nas classes sociais, andando por aí, é possível flagrar uma infinidade de estilos, são manos, punks, emos, patricinhas, góticos e skinreds, tudo no mesmo lugar.
Os visitantes devem estranhar bastante, mas os paulistanos, na maioria das vezes nem ligam, mas as razões ainda são questionáveis.
Formulei algumas teorias e uma delas é que esse pouco caso venha do hábito de ver essas cenas todos os dias.
Mas também existe a possibilidade das pessoas estarem tão bitoladas em suas vidas, em seus problemas, em seu trabalho que esquecem de olhar para o lado, esquecem que podem desejar um bom dia para os outros, ou pelo menos dar um sorriso.
Apesar da população gigantesca que ultrapassa os 19 milhões de habitantes, aqui podemos facilmente encontrar a solidão e individualismo. Pessoas nos trens, nos ônibus, nas ruas, com seus fones de ouvido, fechadas em seu próprio mundo. Desperdiçando uma grande oportunidade de conhecer alguém legal.
Acredito que não exista nenhum estudo nesse sentido, mas tenho certeza que na era dos fones de ouvido, o número de romances e amizades por acaso, em lugares comuns, tenham diminuído.
Não tem preço andar pelas ruas do centro, disputar espaço com os camelos, parar para ver um show de mágica, embolada ou música caipira. Presenciar pessoas corajosas que realmente encaram um churrasquinho grego com suco ou então sujar os dedos nas centenas de sebos.
Essa é São Paulo, a cidade onde você encontra de tudo a toda hora, onde você pode satisfazer todos os seus gostos, lógico, desde que tenha dinheiro. Essa é São Paulo, a cidade que nunca para, mas que não tem transporte público de madrugada. Essa é São Paulo, das enchentes e dos megas congestionamentos, mas que mesmo assim continua atraindo milhares de sonhadores.
Essa é São Paulo que desperta um medo incontrolável em algumas pessoas e uma paixão fulminante em outras, como minha mãe que ama esse inferninho, como ela mesmo intitula a cidade.
Essa é São Paulo e eu gosto dela assim, com seus defeitos e qualidades.
Parabéns São Paulo, obrigado por me receber de braços abertos e obrigado por me presentear nesse seu dia, com um céu estrelado e uma Lua maravilhosa, digna de interior.....
Parabéns Terra da Garoa....pelos seus 459 anos...
Catedral da Sé (David C. Fugazza) |
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